Pedro Cavaco

O primeiro e único Prémio Nobel da literatura português até ao momento, José Saramago, faleceu aos 87 anos, depois de uma vida bastante vivida. Goste-se ou não do Homem, o seu legado é inestimável e parte integrante da cultura e História de Portugal.
Criticado por muitos e censurado por alguns, José Saramago é acima de tudo um português, um cidadão que zangado com o governo de Cavaco Silva e não com o país, assentou pilares na vizinha Espanha.

Com a morte de José Saramago, Portugal declara dois dias de luto nacional, por cá e pelo mundo inteiro, chora-se a perda de um raro da sua espécie, de um criativo, de um carrancudo sentimental e do bestial para muitos besta.
Neste mesmo Portugal, o seu Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o mesmo que enquanto Primeiro Ministro e através do seu ministério, nomeadamente o de Sousa Lara, nega o livro, O Evangelho segundo Jesus Cristo, à lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu; Não compareceu no funeral de José Saramago enquanto está de férias nos Açores.
A mais alta individualidade do Estado Português e representante de todos os portugueses, deixa cinco linhas escritas na página da presidência e permanece de férias nos Açores enquanto Portugal enterra o seu escritor mais influente das últimas décadas, Prémio Nobel da Literatura.

Bernardo Soares pela mão do grande Fernando Pessoa escreveu um certo dia: a minha pátria é língua portuguesa.

Os grandes portugueses, marcam e sempre marcaram Portugal por aquilo que fazem e não por aquilo que deviam ou não deviam ter feito.

Obrigado, José.